domingo, 6 de novembro de 2011

Última Ternura - JJ. da Fonseca




ÚLTIMA TERNURA


Você, alquebrada e triste, à hora da chegada,
Chorava amargurada a falta de carinho.
Abri, também tristonho, as portas do meu ninho,
E dei-lhe pão e vinho, amizade e pousada.

Ao beijá-la eu sorri. Sentindo-se enlevada,
No abraço aconchegada, alvas colchas de linho...
Você também sorriu, abrindo de mansinho,
a alma de carinho em plangente balada.

Você trouxe, chegando, em hora de tortura,
Ó doce criatura, a água ao meu deserto,
E rimos juntamente, embora um riso incerto.

Depois você partiu. Nem me lembra, de certo...
Deixou meu o peito aberto em chagas de amargura,
Levando na partida a última ternura!


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