sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

NOVE DÉCADAS DE VIDA

Inteligência

Nascido na cidade de Rodelas, interior da Bahia, o poeta e ficcionista  João Justiniano da Fonseca está comemorando 90 anos.
Em sua vasta carreira profissional, o intelectual exerceu importantes cargos públicos, como o de Conselheiro Vitalício do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia, Membro da União Brasileira de Trovadores e da Academia Rio Grandense de Letras.
João Justiniano da Fonseca possui mais de 15 obras literárias publicadas.
O seu último livro, intitulado “A Vida de Luiz Viana Filho”, foi publicado em 2005 pela editora do Senado Federal.

Licia Fabio » João Justiniano da Fonseca

Licia Fabio » João Justiniano da Fonseca

domingo, 27 de novembro de 2011

PELOURINHO - JJ DA FONSECA

Pelourinho


No Pelourinho, o antigo casario
ainda cheira a alecrim, recende a incenso;
fala de Iaiá e Sinhazinha, e penso
que do senhor e de um feitor sombrio.
 
Roca e almofada. A renda e o branco fio.
Cana e mandioca. A moenda, a roda, o intenso
trabalho escravo. O suor de um povo imenso
construindo a pátria ao sol ardente e ao frio.
 
Largo do Pelourinho! Eu suplicio
o pensamento em busca do suspenso
laço de força, do chicote esguio.
 
Vejo o suplício de uma raça e o tenso
ambiente. Gritos e ais, revolta e brio.
Grilhões no chão erguendo um povo imenso...

MULATA - JJ DA FONSECA

MULATA
 
Quero a mulata, imperatriz do solo,
Tataraneta da africana escrava.
E tenho orgulho dessa amante ignava,
O crioulo ao seio, o português ao colo.
 
Teve um senhor ao mesmo tempo escravo
E amamentou irmãos de pai. Na escola,
Mestra dos contos do país d´Angola,
É a mãe de fato, deste povo bravo.
 
Que brasileiro nega o sangue d´África?
Sentado nas poltronas de uma sala,
Quem não confessa a origem da senzala?
 
Bendito o sangue que nos deu o tráfico
E confundindo o português e o áfrico,
Criou a mulata para meu regalo!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

sexta-feira, 21 de outubro de 2011


VENCEDORES DO IV CONCURSO INTERNACIONAL

             ENTREGA DE PRÊMIOS DA FECI
                                               
Foi realizada, no dia 29 de setembro de 2011, a cerimônia de entrega de prêmios do IV Concurso “Sport Club Internacional” de Contos, Crônicas, Poesias e Histórias do Inter, em parceria com a Casa do Poeta Latino-Americano – CAPOLAT, realizada no auditório da FECI - Fundação de Educação e Cultura do Sport Club Internacional, localizada no 2º andar do Gigantinho. O espaço ficou lotado com a presença de entidades culturais, convidados e os agraciados com os prêmios. Além de Porto Alegre, este ano de 2011 participaram as cidades de: Canoas, Guaíba, cachoeirinha, São Vicente São Paulo e capital, Bela vista Minas Gerais, Pirapetinga Minas Gerais, Salvador Bahia entre outros.
Foram agraciados com TROFÉUS nas categorias: Poesias - João Justiniano da Fonseca de Salvador Bahia, Contos – Sonia Mª D. Athayde de Porto Alegre; Crônicas - Pérola Bensabath Oiy de Salvador Bahia; Histórias do Inter - Edson Xavier De Castro de São Paulo/SP.
Agraciados com MEDALHA DE OURO nas categorias: Poesia – Nesi Inês Urnau de Canoas; Contos – Adilar Signori de Canoas; Crônicas - Sonia Mª D. Athayde de Porto Alegre; Histórias do Inter – Márcio Mór Giongo de Porto Alegre.
Agraciados com MEDALHA DE PRATA nas categorias: Poesias - José Nedel de Porto Alegre; Contos – Antonio Augusto Bandeira de Porto Alegre; Crônicas – Adilar Signori de Canoas; Histórias do Inter – Júlio Mafra de Porto Alegre.
Agraciados com MEDALHA DE BRONZE nas categorias: Poesia – Mário Luís Souza Terres de Guaíba; Contos – Edson X. De Castro de São Paulo/SP. Crônicas – Alcione Sortica de Porto Alegre; Histórias do Inter - Mário Luís Souza Terres de Guaíba.
Agraciados com MEDALHA DE MÉRITO CULTURAL POÉTICO para: Valdir Luiz Scariot de canoas. Marcelo Allgayer Canto de Cachoeirinha, Emanuelle Bueno, Valter Morigi, Viviane Balau, Iara Irigaray de Porto Alegre.
Finalizando o evento com um coquetel em clima de encontros e também reencontros de pessoas de diferentes partes do Brasil, todas celebrando mais um evento cultural promovido pelas duas entidades culturais. 

Marinês Bonacina Presidente da CAPOLAT

RESULTADO DO IV CONCURSO “Sport Club Internacional” de Contos, Crônicas, Poesias e Histórias do Inter.

Vencedores: POESIA
1º Lugar - João Justiniano, com a poesia: Tarde Triste - Troféu
2º Lugar - Nelsi Inês Urnau, com a poesia: Entardecer - Medalha
3º Lugar - José Nedel, com a poesia: Conflito Distributivo - Medalha
4º Lugar - Mário Luís Souza Terres, com a poesia: Definição - Menção Honrosa

Vencedores: CONTOS
1º Lugar - Sonia Mª D. Athayde, com o conto: Muito além do Olhar - Troféu
2º Lugar - Adilar Signori, com o conto: A Roupa Nº 3 - Medalha
3º Lugar – Antonio Augusto Bandeira, com o conto: O Infinito - Medalha
4º Lugar - Edson Xavier De Castro, com: Palavras Trocadas - Menção Honrosa

Vencedores: CRÔNICAS
1º Lugar-Pérola Bensabath Oiy, com a Crônica: Torcedor ou Macho Profano? -Troféu
2º Lugar Sonia Athayde, No Principio,Era a Cor. - Medalha
3º Lugar – Adilar Signori, com a Crônica: O Retrato dos Meus Pais - Medalha
4º Lugar – Alcione Sortica, com a Crônica: O jovem que chora - Menção Honrosa

   Vencedores: HISTÓRIAS DO INTER
1º Lugar - Edson Xavier De Castro, com Vermelho Inter-Troféu
2º Lugar - Márcio Mór Giongo, com Mar Vermelho - Medalha
3º Lugar-Júlio Mafra, com O Primeiro Jogo - Medalha
4º Lugar - Mario L. S. Terres, com Colorado O Clube Do Povo - Menção Honrosa

MEDALHAS DE MÉRITO CULTURAL POÉTICO PARA:

Valdir Luiz Scariot em Histórias do Inter: com A Tobata Pioneira.
Emanuelle Bueno, com a Crônica: Olhar Colorado.
Marcelo Allgayer Canto, com o poema: Inútil Transigência,
Valter Morigi, com o poema: Internacional.
Viviane Balau, com o poema: Internacional.
Iara Irigaray, com o poema: Música.

Realização e Coordenação: Cesardo Vignochi Presidente, Lúcio Ignácio Regner Vice-presidente, Marinês Bonacina Diretora Cultural,   
          
                                        Porto Alegre, setembro de 2011.

Realização: CAPOLAT - Casa do Poeta Latino-Americano e departamento Cultural da FECI/INTER.                                                
                                                

domingo, 6 de novembro de 2011

DEUS - JJ. DA FONSECA



DEUS

Suponho que não haja a humana criatura,
Nem aves e animais, sequer, alguma espécie
De verme, de micróbio ou coisa que feneça.
Uma vida qualquer, ou germe que a aventure.

Suponho que não haja em toda a imensa altura
única estrela ou sol, nem nada do que desce:
Ventos de sul e norte ou luz que nos aqueça.
Não haja o espaço e o céu, nem sinal que os figure.

Suponho: Não existo. E nada, nada existe!
- Quem criaria o céu e os sóis, o imenso espaço,
Tudo que em torno roda ou nasce, vive e passa?

De onde viria então, tudo isto? E a alma que dista
Da pobre mente humana a distância do caos?
- Só um Deus, Senhor Meu Deus, que vem do Nada e é Deus!

LUTO - 02-08-1962

LUTO








Belém, 02-08-1962

Mamãe, não pude mais sorrir o riso franco,
Ouvido por você em longas gargalhadas.
Não mais saí à rua às frias madrugadas,
Nem uso no domingo o antigo terno branco.

Dês que você partiu, adeus, meu riso franco!
De dia, a roupa negra e as horas recontadas,
Minuto por minuto - as horas mal passadas...
A noite quando chega, em minha dor me tranco.

Imaginar você, idílio dos idílios,
Morta e sepulta quando idealizava, e tanto,
- Viver na comunhão dos filhos de seus filhos.

Se você visse, mãe, a dor dos meus sentidos,
Comigo choraria o mesmo triste pranto,
Por mim chorado agora, em dias mal sofridos.

EMBLEMA - Belém 03-02-1962

EMBLEMA
Belém, 03-02-1962

Voaste para longe... Assim vão as falenas
E nunca mais... Adeus, ó minha doce amiga.
Hoje, voltando o olhar àquela era antiga,
Manhãs de praia, riso e amor, almas serenas...

Estás dentro de mim. Uma saudade apenas,
Uma lembrança grata, uma caricia antiga,
Meu sonho irrealizado, estréia da cantiga.
Que eu aprendi na vida em fuga às minhas penas.

Ó lembrança constante... O primeiro poema,
O que escrevi e rasguei, foi feito para ti!
Eu soletrava então. Não sei como parti,

Nem mais por onde vim a este soneto emblema.
Sei, que ficaste em mim desde aquele poema,
E és espiritual de coisas que escrevi.

HOSPITALIDADE - Salvador, 15-02-1964

 

HOSPITALIDADE

Há um bem entre os mais bens, no correr da existência,
A que não renuncio e de que não prescindo:
A amizade leal, a boa convivência,
A perfeita assistência aos amigos. Bem vindo

Seja ao meu lar, amigo! O dia de hoje é lindo
E a manhã trouxe a rosa ao jardim - minudência
Importante na espera à visita sorrindo...
Bem vindo, amigo, vindo a minha residência.

Casa de sertanejo altivo e hospitaleiro,
Rústica e pobre, nunca, entretanto, vazia.
A panela no fogo é grande e há bom tempero.

Há aguardente da boa e coco da Bahia...
E uma rede no alpendre estendida. O terreiro
É bem cuidado e limpo. Entre, amigo, e sorria!

Última Ternura - JJ. da Fonseca




ÚLTIMA TERNURA


Você, alquebrada e triste, à hora da chegada,
Chorava amargurada a falta de carinho.
Abri, também tristonho, as portas do meu ninho,
E dei-lhe pão e vinho, amizade e pousada.

Ao beijá-la eu sorri. Sentindo-se enlevada,
No abraço aconchegada, alvas colchas de linho...
Você também sorriu, abrindo de mansinho,
a alma de carinho em plangente balada.

Você trouxe, chegando, em hora de tortura,
Ó doce criatura, a água ao meu deserto,
E rimos juntamente, embora um riso incerto.

Depois você partiu. Nem me lembra, de certo...
Deixou meu o peito aberto em chagas de amargura,
Levando na partida a última ternura!